A Quimioterapia

Apesar de todo o meu tratamento médico ter sido realizado na rede pública, no Hospital do Câncer de São Paulo, só tenho elogios e agradecimentos a fazer. Do servente ao médico chefe de equipe, todos são peças fundamentais na engrenagem do tratamento, sendo comprometidos com a função que exercem. Todos são importantes e conhecedores do papel que exercem: atendentes, auxiliares, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, médicos, corpo administrativo, enfim, toda a  equipe de saúde propriamente fala a mesma linguagem: dar o seu melhor para o bem estar e a saúde do paciente.
O primeiro pôr-do-sol que presenciei em SP
Na sacada do apart-hotel em que passei o primeiro mês



Por mais que eu já tivesse ouvido falar em quimioterapia, não tinha a ideia do que me aguardava. Iniciei a primeira das 6 sessões nas vésperas do Natal, precisamente no dia 23.12.2011. Sala de espera lotada... Pacientes de várias idades... Idosos,adultos, jovens se misturavam juntamente com os seus acompanhantes aguardando a sua vez. Pra mim foi indicado o tratamento em 6 sessões a cada 21 dias, durando cada uma delas 6 horas. Olhar apreensivo, mãos trêmulas, andar inseguro. O silêncio falava junto ao  meu coração e eu tentava sempre ler algum livro motivador ou religioso enquanto aguardava ser chamada. A porta se abre e a enfermeira aparece e vai chamando um a um de uma lista que parece não ter fim. Os medicamentos são aplicados na veia periférica, como se fosse um soro e em alguns outros pacientes em veia calibrosa, de origem central, ficando com um catéter para acesso durante todo o tratamento. Em geral recebíamos um sedativo que nos deixava sonolentos enquanto corriam nas veias os coquetéis com os quimioterápicos, gota a gota.

 A sala de quimioterapia era assistida por um enfermeiro chefe e por alguns técnicos de enfermagem. No término da sessão, éramos entregues ao acompanhante, que esperava pacientemente as 6hs se passarem do lado de fora. Lembro-me que descíamos os inúmeros  andares do hospital pelas escadas, tal era a euforia que a medicação me trazia. Posteriormente, ao chegar em casa, vinha a moleza, a prostração e eu só conseguia ficar deitada e sem coragem. Sentia muitas náuseas e vomitava por várias vezes. Esses efeitos, em geral, duravam em mim uns dois dias e depois a minha vida ia, aos pouquinhos, seguindo seu curso normal. Como a imunidade ficava ainda mais baixa com a quimioterapia, era necessário o cuidado redobrado com a minha alimentação, para evitar contaminação que poderia me trazer algum mal. Estava proibida de ingerir alimentos crus e tudo o que levantasse alguma suspeita de que não estava bem lavado ou super bem cozido. A recomendação era também evitar locais com aglomerações, viagens, sobretudo as de avião pelo risco de contrair alguma bactéria ou vírus oportunista. 

 E assim se passaram os primeiros meses do meu tratamento.

 Aguardo você amanhã! Até lá!

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