A confirmação do diagnóstico

Sempre fui uma pessoa curiosa  e gosto de saber de tudo um pouco. Porém, quando o assunto foi a minha saúde/doença procurei agir como leiga. Tentei esquecer que era médica e procurei me portar como paciente. Passei a aceitar o meu tratamento e a não questionar aquilo que os meus médicos me sugeriam como necessários para vencer a batalha contra o  linfoma. E isso me ajudou muito... Desde o primeiro instante queriam me fornecer muitas explicações científicas e percentuais de cura ou de insucesso dos tratamentos... e eu encontrei uma força não sei aonde (hoje sei que essa força era a minha fé em Deus) e disse no primeiro dia que adentrei no Hospital das Clínicas de São Paulo: Dr, eu sei que eu já estou na exceção e estou dentro dos casos que evoluem para cura. Os percentuais de insucesso não me interessam. A minha vontade e a minha fé de que eu ficaria curada eram maiores que o meu medo. 

O primeiro hematologista que consultei foi um verdadeiro pai. A ele sou eternamente grata por me ter sugerido iniciar o meu tratamento no ICESP. Recordo-me que no dia que fui oficialmente me consultar com ele, tivemos o seguinte diálogo: "Tenho duas notícias pra te dar: uma boa e uma ruim. Qual você quer ouvir primeiro?" "A ruim, doutor". E ele me disse: "você vai ficar careca!". "Agora diga a boa, doutor!" E ele me olhou nos olhos e disse: "Você ficará curada!!!". Eu só conseguia chorar e não conseguia falar mais nada pois a emoção tomou conta de mim.

Segundo ele, o tipo histológico do linfoma que me acometeu  era bastante agressivo e, como tal, merecia ser tratado o mais rápido possível e num serviço que é tido como de referência na América Latina. Em uma semana larguei toda a minha vida em Aracaju. Meus filhos,meu lar, meu trabalho, toda a minha família e viajei com meu esposo para iniciar o meu tratamento. Precisei realizar punção (colheita de material para investigação das células) de linfonodo com posterior exérese (retirada cirúrgica do nódulo suspeito), tomografias, inúmeros exames de sangue, PET Scans (exame de imagem para a verificação da extensão da doença pelo corpo).

Tudo foi realizado com muita rapidez porque o atraso para iniciar o meu tratamento poderia significar um insucesso. Tive, então, uma semana em Aracaju, para rever minha família e providenciar a documentação necessária para iniciar de fato o tratamento em São Paulo. Nesse ínterim, tive a iniciativa de pedir ao meu cabeleireiro que cortasse o meu cabelo bem curtinho, pois assim já iria me acostumando ao meu novo visual.
Assim que cortei o cabelo! Detalhe para a cicatriz encoberta no pescoço, onde foi feita a biópsia.

Morando numa cidade ainda de certa forma pequena e conhecendo tantas pessoas, a notícia de que eu estava gravemente doente logo se espalhou. O meu telefone não parava de tocar. Assim também a todo instante recebia a solidariedade dos parentes e amigos que chegaram pessoalmente para me abraçar e me confortar. Ganhei vários terços, alguns  livros de preces e muitas novenas. Eu sabia que Deus estava comigo e só estava preparando o meu caminho.

Parti sem olhar para trás... lembro que viajei de madrugada após um Natal antecipado em 14.12.2011, dia do aniversário do meu esposo. Foi uma comemoração triste, porém carregada de muita emoção. Meus entes queridos todos presentes, me dando apoio para enfrentar aquele momento tão difícil e de tantas incertezas em minha vida. 

Da esquerda para a direita: Luísa, Murilo (meus filhos), eu e meu esposo, José Euclides, pouco antes da nossa viagem.


E amanhã a gente continua! Beijinhos!


Comentários

  1. Lendo seu texto com tantos detalhes, mais uma vez relembro que sua fé e confiança sempre foram um combustível para todos que a cercam. Parabéns pela coragem de contar a sua história e ser mais uma vez exemplo. Beijos 😘💕

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    1. O desejo de compartilhar a minha história de vida foi no intuito de ajudar alguém que esteja passando por situação semelhante.Obrigada, querida!

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  2. Mãe, lembro claramente do dia em que recebi a notícia de que você teria que voltar a SP para o tratamento... Foi um momento de total impotência pelo meu lado, não sabia bem o que estava acontecendo. Fico sem me conter de felicidade ao recordar tudo pelo que você passou! Te amo

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    1. Que lindo, filha! Vamos agora juntas ajudar outras pessoas. Te amo!

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  3. Você é especial! Continuamos aprendendo com você. O que mais chama minha atenção é a leveza com a qual você viveu o momento, e que se repete no seu relato. Te amo, amiga

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    1. Que bom que o objetivo está sendo atingido. Falando de uma maneira simples e de forma aberta acredito que consigo ser eu mesma e ajudar outras pessoas. Beijos no coração!

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